No post anterior falei sobre a atenção, que é algo que todo mundo naturalmente entende que seja explorado pelos mágicos em suas apresentações. Mas tem outra coisa que também costumamos tentar manipular quando criamos um número que é menos óbvio.
Umas das coisas mais divertidas para um mágico é escutar alguém descrevendo para outra pessoa uma mágica que nós fizemos. As descrições raramente são exatas, geralmente são descritas coisas que jamais fizemos e que, sendo sincero, nem seríamos capazes de fazer. A tendência é que a descrição seja muito mais impossível do que aquilo que realmente aconteceu. E se um número de mágica foi criado de uma forma bem pensada, essa falsa memória não é acidental, é algo que tentamos alcançar.
Nós mágicos nos aproveitamos da maneira como nossas memórias são criadas, mas isso na verdade acontece conosco a todo momento, durante toda nossa vida. Boa parte de nossas memórias são falsas, não aconteceram exatamente (e muitas vezes nem perto) daquele jeito que lembramos. E o mais assustador é que não são coisas das quais temos a sensação de incerteza, geralmente estamos 100% convictos que determinado fato aconteceu, sem nenhuma sombra de dúvida, mas é apenas uma memória criada pelo nosso cérebro.
Existem diversas pesquisas sobre o assunto. Se tiver interesse basta fazer uma busca por “falsas memórias” que aparecerá uma quantidade enorme de material sobre o assunto.
Aqui um vídeo bem curtinho de introdução ao assunto, menos de 5 minutos:
E aqui uma TED Talk justamente da pesquisadora citada no vídeo acima (legendado):